É modinha gostar depois que faleceu?

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O aniversário da Lisa está chegando e me faz ficar pensando, sabe. Não é sobre "por que ela morreu?" ou "ah, meu Deus, tão jovem!"... é mais sobre essa palhaçada que inventam sobre "ah, morreu e agora todo mundo gosta, admira...".

Assim, eu não tenho nada contra gostar depois de que o artista tenha falecido, sério mesmo. O que me irrita são aqueles que colocam uma banca gigantesca de que gostam do cara, mas até então era um 'criminoso, babaca, idiota, drogado', como fizeram com o Chorão, do Charlie Brown Jr.

Comento isso por mim. Quando eu era mais nova, era da fase Spice Girls, Backstreet Boys e tal, e curtia o TLC e a Aaliyah, apesar de serem totalmente underrated naquela época (até porque nunca curti Destiny's Child e se curtia duas músicas, era muito rs). Quando a Aaliyah faleceu e, alguns poucos meses depois, a Lisa se foi, ficou aquela sensação de perda, sabe? É e não é como se fosse alguém da família; é como se fosse uma pequena parte sua que se foi. Foi quando, finalmente, começou a veicular notícias e músicas do TLC e da Aaliyah e, de fato, comecei a escutar mais (lembre-se que era metade-final dos anos 90; internet era discada e computador era com monitor preto e branco!). E me tornei, de fato, FÃ. Tanto que todo dia 27 de Maio eu faço um bolinho pra comemorar o nascimento da Lisa. Tosco? Talvez. Mas eu faço, é de mim, coisa minha.

Mas esse não é bem o ponto que quero chegar.

Não acho errado alguém se tornar fã de um falecido após sua morte. O que recrimino são aqueles que adoram esculachar a pessoa antes pra, depois, dizer que era um gênio, que fará falta e todos aqueles bla blas. 

Se tem um causo que me emputece (com o perdão do linguajar, claro) pra cacete (ops!), é o causo do Chorão e do Mandela. Isso falo porque tive o exemplo em casa. Meus pais sempre chamavam Chorão de brigão, de babaca, maconheiro e o cacete a quatro. Tive uma colega de escola, a Roberta, que, onde estava Chorão, estava ela. E, tirando o fato de que ela completa e irrevogavelmente apaixonada pelo cara, as atitudes certas e erradas dele eram pauta de nossos papos e eu ficava encucada, sabe, porque, para mim, Chorão foi um cara inteligentíssimo, talentoso, que, infelizmente, não soube lidar tãao bem com a fama. Convenhamos, a fama é um troço grotesco. Hoje você é in, amanhã você é out. E você que se vire, é uma vida triste. Após sua morte, que foi quando meus pais descobriram que uma música escrita e cantada por ele é feita em várias versões de vários artistas que eles (meus pais) curtem, Chorão de repente tornou-se um gênio. Um "coitado, tão jovem!". Isso me irritou de tal forma que chamei meus pais de hipócritas e bem, seguiu-se uma discussão que decidimos abstrair.
E o causo do Mandela, é claro, que foi muito, muito frustrante. Esse sim foi um cara que merece muito mais do que uma página, ou um parágrafo, em um livro didático, sobre o Apartheid. Os feitos, a ideologia, os percalços desse homem não estão no gibi. E, de repente, sua morte promoveu uma comoção de certa forma mentirosa, porque as pessoas têm mania de ir no Wikipedia (nada contra), ler duas linhas do "fulano foi tal e tal" e achar que está dominando o assunto.

É isso que me emputece. Quando leem duas ou três linhas, acham que sabem de tudo e pronto, ok, vamos lamentar a morte. 


Não acho que seja errado tornar-se fã após a morte. Mas existe a diferente entre 'virar fã' e 'ah, sou fã', da mesma forma que existe a palhaçada de 'ai, sou mais fã que você porque sei a cor da cueca do fulano'. Como estava conversando com meu namorado há pouco, acredito que é uma forma de manter a memória daquela pessoa viva. Se pararmos pra pensar, essas passagens para o plano espiritual são feitas em momentos certos. Não vou falar de Deus e destino e o cacete (ops!) porque não é o caso e nem acho válido, mas são fatalidades. Geralmente ocorrem no auge de um sucesso, no caso dos novos, outras, de velhice, como Gandhi e Mandela. São pessoas que tiveram sua missão concluída nesse momento da História, que deixaram seu legado. Se é legal curtir? Putz, claro que é! Mas acredito que todos merecem uma chance de permanecer no plano terrestre, mesmo mortos. Se você analisar bem, quantos pronunciam os dizeres de Clarice Lispector, Machado de Assis, Gandhi, Chorão... Renato Russo!? E isso vai seguir em frente, porque eles deixaram seu legado, vieram e fizeram o que tinha que ser feito.

Então assim, não acho que seja um erro curtir depois que faleceu, mas se o fizer, não seja babaca. Considero respeito. Porque você acaba levando o conhecimento dele adiante, você não esquece e toma as palavras deste como motivação pra momentos difíceis ou ate mesmo bons. É uma forma de manter a memória dele/a vivo/a, entrando no conceito de vida após a morte.

Bem, foi mesmo um post pra tirar a poeira rs Espero voltar mais vezes pra cá ^^

E obrigadona ao meu maravilhoso namorado, Marcelo, por ter me deixado filosófica hehehe

1 comentários:

Unknown disse...

Bem vinda de volta! ;)

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