[CRÍTICA] Carrie, a Estranha

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Olá novamente. Acho que vou acabar transformando esse blog em resenhas das coisas que eu gosto hehehe

Estava revendo "Carrie, a Estranha" (1976) e resolvi fazer uma pequena análise das três versões cinematográficas com/e o livro. Sou muito chata com essas coisas, então lá vamos nós.

AVISO: O POST A SEGUIR CONTEM SPOILER
AVISO: O POST A SEGUIR É GIGANTE

[Resenha] "A Lista Negra" - Jennifer Brown

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"E se você desejasse a morte de uma pessoa e isso acontecesse?  E se o assassino fosse alguém que você ama?"

O livro gira em torno de Valerie Leftman, uma adolescente cujo namorado matou diversas pessoas da escola que frequentava, que estavam em uma 'lista' escrita por ela. O livro em si mistura o presente com o passado de uma forma que não confunda o leitor.

Por muitas vezes fiquei chocada com certas passagens. O desespero de ter perdido o namorado, sendo que este matou inúmeras pessoas e o fato de que ninguém ao sul do Pólo Norte acreditasse nela. São sentimentos muito adolescentes mas muito adultos e não pude deixar de me identificar com ela em algumas passagens.

O causo todo do livro é que Valerie tinha um caderno o qual escrevia nome de tudo que a incomodava - desde dever de casa a pessoas. Seu namorado, Nick, a ajudava com a lista mas, nos últimos tempos andava muito esquisito e, em um belo dia, resolveu levar uma arma para a escola e dizimar a lista.

A pergunta que fica é: será que ele fez isso por Valerie ou porque estava confuso de tantas loucuras que as possíveis drogas lhe proporcionavam? Não fica explícito se Nick usava ou não ou se tivesse usado o caderno para matar os adolescentes e professores da lista, mas você passa o livro inteiro sabendo e não sabendo o quê pensar.

Ao mesmo tempo, você pensa se é uma boa essa coisa de legalização de porte de armas, mesmo que registrado. E ainda mais forte é o sentimento que você acaba adquirindo por Valerie e as famílias de todos os envolvidos. É algo muito louco.

Li este livro em exatamente 6 horas, contando com as pausas pra respirar e tentar sair da tensão. Acho que nunca li um livro que tivesse me atingido tanto e dificilmente vou me desvincular dele. A confusão de sentimentos pode ser algo só meu mas, como costumo dizer, pode ser algo que outra pessoa também sinta parecido e vira algo coletivo em algumas pessoas a mais. Não sei bem se vai ter outro livro que tenha mexido tanto nos meus brios, mas espero que não [hehehe] porque é esquisito.

Esquisito mas recomendo. E muito!! Para um livro de estreia, essa mulher me cativou muito! Espero ver novos livros dela em breve ^^

Sobre a Depressão

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Diante dos últimos acontecimentos, resolvi tirar do papel a ideia de falar sobre a Depressão. Estou tomando isso como um jeito meu de admitir que tenho, porque é fato de que eu falo "ah, tenho depressão" mas nunca botei na minha cabeça que, de fato, preciso conviver.
Talvez algumas coisas você já saiba; outras, espero poder te ajudar a esclarecer. Não é tão simples como parece, então tentarei ser bem clara.

- Pra começo de conversa, Depressão não é "frescura", "coisa de rico", "coisa de gente metidinha a americana". Não sei bem se é considerado como doença, mas não é bobagem. É sério.

- Ao que sei, Depressão não tem cura. É como por exemplo ter convulsões: você pode controlar por meio de medicamentos, mas não é algo que amanhã estará 100% curado. Um dia sem o medicamento pode ser um inferno. Então é sempre bom seguir a risca a prescrição médica.

- TER DEPRESSÃO NÃO TE JULGA COMO LOUCO! As pessoas têm a mania de dizer que depressivo é louco, é maníaco e o caramba. Gente, depressão não é contagioso, não é algo que te faz ir pro hospício (ok, até pode ser, a depender do teu grau, mas no geral, acredito que não). Ir no psiquiatra não te faz ser um doido, médico de pinel. Ele é o profissional qualificado pra te ajudar, então se você precisar dele, procure-o.

- Existe uma grande diferença entre ESTAR TRISTE e DEPRESSÃO. Estar tristonho, pra baixo, é algo passageiro, hoje você tá triste, mas amanhã ou depois de amanhã, vai estar legal. A Depressão é um sentimento bem mais forte, bem mais profundo, que dura de semana a meses. Aquela velha corrente de Facebook é válida, "antes de ser diagnosticado com depressão, verifique se você não está rodeado de babacas".

- Não é porque tomamos medicamentos que vamos estar felizes e tranquilos pra sempre. Nós temos crises. Há as crises mais brandas, que vão desde sentir-se sem ânimo e pra baixo mesmo, até as mais severas, onde pode ocorrer o suicídio.

- Não adianta dizer que não: todo diagnosticado com depressão tem pensamentos suicidas. Nem que seja ao menos uma vez, em um momento de crise, ou todos os dias, sempre está lá. Não significa que você é um pirado. Significa que você está fora de si.

- Pelo amor de Deus, PAREM com essa ideia idiota de que Depressivos são egoístas e que olham pro próprio umbigo. Nós não estamos tentando chamar atenção, pelo contrário.Queremos que nos escutem, que nos apoiem, que nos cuidem, porque não estamos legal. Sabemos MUITO BEM que, se é pra chamar a atenção, é só pendurar uma melancia na cabeça e sair por aí dançando lambada com uma arvore.

- Quando em crise, precisamos MUITO de um abraço amigo, um carinho doce. Não é "ah, ela quer ser mimada", longe disso. Precisamos nos sentir protegidos ao menos um pouco, pra não tomar decisões precipitadas. Você não precisa entender nossos motivos pra nos ajudar; basta nos mostrar amizade.

- Você reconhece que uma pessoa tá em crise quando ela não fala, não tem emoções estampadas no rosto, não têm ânimo pra nada, tudo funciona no robótico e as respostas são monossilábicas. A pessoa fica tão quieta, mas tão quieta, que você até esquece da presença dela. Ela não quer comer, porque não sente fome; não bebe água porque não sente sede; seus olhos estão cada vez mais fechados, como sentisse sono e, se tiver a oportunidade, ela vai dormir e esquecer da vida. Não há palhaço que anime, não há ídolo que brote na frente e diga 'olá', nada vai funcionar. Nesses momentos a gente só quer ficar quietinho, sem perturbações, sem que fiquem nos entupindo de perguntas. Até porque não temos forças pra argumentar.

- Na crise, temos a sensação de que tudo se move numa velocidade mais lerda que a de Matrix; os barulhos são ecos ao longe, você fica perdido, sem saber onde está ou quem é, a visão fica menor. Por isso é sempre interessante ter no bolso uma forma de identificação. Há casos de pessoas que desmaiam, e nunca se sabe quando pode acontecer.

- Até poderia dizer que 'há um lado bom' na depressão, que é emagrecer muito rápido em pouco tempo. Mas não é bom porque você emagrece muito, perde imunidade, e vai definhando.

- Não é coisa da nossa cabeça ter depressão. Não é algo que você acorda um dia dizendo "hoje terei depressão". O que mais me irrita nesse pessoal que nada sabe é que julgam que depressão é passageiro. Repito a primeira frase porque é muito chato você ter que ouvir de pessoas do teu convívio que depressão é bobagem, que é falta de vitamina, falta de sexo ou o caramba. Se fosse fácil, eu não conviveria com 'dias de luta, dias de glória'. Não desejo depressão pra minha pior inimiga.

- Cada pessoa tem sua maneira de extravasar o sentimento. Descobri a minha ao acampar pela primeira vez. E, depois que li alguns relatos de pessoas que procuram a natureza pra se recompor, sugiro mesmo que a procurem. Não há nada mais incrível pra mim do que sentir o cheiro do mato, o barulho dos bichos, da água...

- A você que tem depressão, resista ao ímpeto de meter a mão na cara de quem diz que depressão é falta de viver. Há pessoas que vivem bastante e têm depressão.

- Nossas atitudes são relacionadas quase que diretamente ao nosso sentimento atual. Se me sinto totalmente sem chão, sem rumo, não me aguento mesmo, que a minha depressão atingiu um nível tal, é capaz de cometer um suicídio. Vai ser sempre a primeira ideia, não tenha dúvidas. Se uma pessoa se mata por causa de uma discussão, sendo ela depressiva, não banque o 'a culpa foi dela que quis aparecer/não soube lidar', porque a culpa é sua também, por não ter dado apoio e suporte quando poderia. Foi como falei, depressão é controlável, é tudo questão de ter tato. Não é mimar, é saber lidar.

- Muitos famosos têm depressão. Uma coisa que temos em comum é que sabemos mascarar MUITO BEM quando podemos. Ninguém diz, por exemplo, que Jim Carey tem depressão. É, Jim Carey, você sabia? Não é ser falso. É tentar lidar. Porque a sociedade colocou esse maldito estereótipo e a gente precisa viver.

Ah, sei lá.